Para driblar a crise do setor, que pelo quarto ano consecutivo registrou retração de 6%, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), empresas de construção civil estão de olho em novos negócios. E como não dá para ficar de ‘braços cruzados’ diante de números negativos, a Klacon Engenharia – que atua no Rio de Janeiro há mais de 35 anos – ingressou em mercados nunca antes explorados. Depois de projetar unidades de self storages para a Guarde Perto, a empresa está construindo um complexo cemiterial do estado: o Crematório e Cemitério da Penitência.
Com um orçamento de R$ 25 milhões, o projeto foi dividido em 3 etapas iniciais. A primeira, iniciada em maio de 2016, foi a construção do cemitério parque de aproximadamente 2.000m2 e 1,5 mil novos jazigos, com infraestrutura diferenciada e inexistente no Rio – galerias subterrâneas com jazigos enfileirados e em alturas diferenciadas, com identificação correspondente acima do solo, no gramado. A segunda etapa, que contempla a construção de um crematório, acaba de ser entregue. Já a terceira fase – iniciada no segundo semestre de 2017 e está sendo entregue em agosto deste ano – compreende a edificação de um cemitério vertical, com 8 andares e 4 mil unidades, entre jazigos e nichos em 10.000m2 de área construída. O espaço térreo concentra os serviços: 2 capelas ecumênicas tipo anfiteatro, com 150 lugares cada, e 6 capelas para velório, todas com moderno sistema eletrônico para acomodar as urnas e execução de serviços (chuva de pétalas de rosas, projeção de imagens e música ao vivo no ambiente), além de columbário e um pool de serviços ao cliente, como concierge, sala de convivência e cafeteria.
“Em termos de arquitetura, trata-se de um projeto inovador para a cidade do Rio de Janeiro. O prédio do cemitério vertical será aberto em todo o seu perímetro, o que facilita a circulação de ar e a entrada da luz natural. O projeto como um todo forma um belo conjunto arquitetônico, com uma sinergia harmônica entre o prédio vertical, o cemitério parque, os mausoléus e as sepulturas tradicionais, com muitas árvores e um bosque. Criamos um projeto que vai mudar a imagem que o carioca tem, ainda hoje, dos cemitérios”, explica Renato Rembischewski, responsável pela obra.
O engenheiro destaca ainda que foram priorizadas construções sustentáveis no projeto. “Além de um melhor aproveitamento da luz natural, planejamos, ainda, um sistema de coleta de água das chuvas, que deságua em uma caixa d’água 60 mil litros, que será utilizada para toda manutenção do cemitério”, ressalta.
Recuperação à vista
Apesar do Índice de Confiança da Construção (ICST), do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE-FGV), ter apresentado uma pequena variação negativa no mês de abril de 2018, a construção do empreendimento cemiterial vem ao encontro de outro índice apresentado na pesquisa: o Índice da Situação Atual (ISA-CST), que subiu 0,3 ponto em abril, atingindo 71,7 pontos, o maior desde junho de 2015. O indicador que mais influenciou a melhora do ISA-CST foi o que mede a percepção sobre a situação atual das carteiras de contratos.
“O segundo trimestre inicia com recuo das expectativas, indicando que a incerteza do momento em que vive o país continua afetando o estado de ânimo dos empresários da construção. Apesar disso, a percepção em relação à situação corrente dos negócios avançou. O destaque positivo veio do aumento na intenção dos empresários em contratar”, observou Ana Maria Castelo, Coordenadora de Projetos da Construção do IBRE-FGV.
Postos de trabalho
A saída encontrada pela Klacon Engenharia resultou novos postos de trabalho, melhorando a curva do desemprego no mercado – no acumulado da crise iniciada em 2014, o total de postos de trabalho perdidos ultrapassa o patamar de 1 milhão, segundo dados da CBIC.
Ao todo estão sendo gerados 300 novos postos de trabalho diretos e indiretos durante as obras. A empresa que, antes da crise, tinha 75 funcionários fixos em seu quadro de colaboradores, já chegou a ter 20. Por conta do investimento nos ramos de self storage e cemiterial, a Klacon tem hoje 56 pessoas em sua estrutura formal.
De acordo com o consultor técnico do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Rio de Janeiro (Sinduscon-RJ), Roberto Lira, a queda gradativa do desempenho do setor, revelou que o Rio viveu um momento de euforia com a Copa e a Olimpíadas que não correspondia a realidade da economia nacional. “Fecharam muitos postos de trabalho. Das estatísticas nacionais, o Rio foi responsável sozinho por 20% da queda”.
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